domingo, 18 de maio de 2008

“Informações no Divã” por Charles Miranda


Ao ler a letra da música “Informações no Divã” o que me vem à cabeça é: - Nos falta VERDADE quando fazemos nossas escolhas!


Há uma completa falta de responsabilidade e comprometimento com aquilo que nos diferencia e que deveria nos dar certa vantagem na vida. Nos contentamos em saber que temos um cérebro privilegiado em relação às outras espécies, somos superiores e isso basta. A nossa falta de controle e inaptidão com o raciocínio e o livre arbítrio, só tem nos levado ao caos. Fazemos por fazer, acreditamos por acreditar, enfim, não há verdade (pelo menos uma que seja individual e deliberada) nas nossas ações. A minha escolha pode até ser igual à de outra pessoa, mas apenas por coincidência, nunca por preguiça de ter minha própria opinião sobre o que quer que seja ou porque alguém me disse que tem que ser assim ou assado.


Pra se acreditar em Deus, por exemplo, (e em qualquer outra coisa ou até mesmo pra ser ateu ou niilista) é preciso que haja verdade. Porque se realmente há um Deus, ele sabe quem está no seu caminho com verdade ou apenas por estar. E tenho certeza que Ele “preferiria” um ateu verdadeiro a um seguidor vazio de verdades.


E quando eu digo verdade, não entendam como uma coisa absoluta, generalizada, protocolada, eterna e imutável. E sim, aquilo que no momento da sua escolha te fez ter certeza de que era o melhor caminho, ainda que lá na frente você possa descobrir que não ou confirmar que sim. Mas naquele instante da sua vida, você tomou aquilo como referência, comparou com outras verdades, refletiu, cogitou outras possibilidades e concluiu que era a senda que mais lhe agradava seguir. Acreditar e seguir suas verdades, não quer dizer que você esteja certo, mas pelo menos não irá errar por ter sido passivo da vontade e imposição alheia.

E isso se aplica em tudo na vida que envolva decisões, desde as mais sérias às mais corriqueiras. Serve pra saber se você realmente curte funk ou se só ouve porque seus amigos vão te zoar se disser que gosta de Chico Buarque. Pra saber se realmente odeia negros ou se só pensa que odeia porque sua avó diz que negros não prestam. Se você é flamengo mesmo ou só diz que é porque seu pai é flamenguista doente. Se deve economizar água e cuidar do planeta ou achar que não faz diferença o que faz isoladamente. Se é de esquerda ou de direita (mesmo que no Brasil os políticos nem saibam mais quais os seus ideais) e por aí vai. Falando em política, na hora de votar, não o faça pra agradar um amigo que te pediu, ou por que o candidato era bonito (isso acontece kkkkk). Faça com consciência, e mesmo que depois você se decepcione (em alguns casos, pra sua escolha dar certo é preciso que o outro, no caso o candidato, também faça escolhas acertadas), não desista.


E pra dar um exemplo comum aos jovens, até mesmo em escolhas banais, seja verdadeiro. Se quiser se endividar comprando a roupa mais cara (ou qualquer outro sonho de consumo supérfluo kkkkkk), você tem todo o direito. Mas não o faça porque viu na revista, ou na TV, ou pra ser igual aos seus amigos, mas por que você realmente quer e pode ter aquilo. Sei que não dei nenhuma resposta pra nada (e nem era minha intenção) e acredito até que tenha soado vago. Mas é assim que a vida me parece, um vago e vasto campo de idéias, decisões e escolhas a serem feitas. Cabe a cada um, dar densidade à sua vida, através de ações verdadeiras e pessoais. Concorde, se depois de refletir e ponderar sobre aquilo, você ainda achar que aquela idéia coincide com a sua. E nunca abra mão de que pode e deve questionar tudo aquilo que não te pareça verdadeiro, inclusive esta canção e tudo isso que acabei de dizer.


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Charles F. Miranda

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