sexta-feira, 23 de maio de 2008

Caro Sergio:

Antes de qualquer coisa posso afirmar que gostei das letras e também da música que consegui ouvir no My Space. Mas, vamos por parte...

Você fala que encontrou meu perfil numa comunidade de teologia;então só pode ser da Teologia da Libertação, ou similar, pq é onde me identifico como cristã. Antes de qualquer coisa vou tentar explicar a você a minha dificuldade com musica Gospel: Eu não consigo conceber e nem entender qualquer forma de adoração ou de louvor que seja alienada do contexto social que permeia as nossas vidas, mesmo que vivamos em aquários luxuosos, como os nossos seguros apartamentos de classe média. Ultimamente toda música gospel que tenho ouvido é sempre alienante e voltada para o louvor individual, para a salvação exclusivamente pela fé de quem ajoelha-se e diz: "Senhor, Senhor". Eu, cá com meus botões, acho que crer em Deus só faz sentido quando essa fé nos estende em direção ao próximo e nos faz traze-lo para debaixo da nossa pele.

Quero te dizer que quando penso num poema que fale da morte e ressurreição do Cristo não consigo desassocia-lo da morte e da violência por que passam tantas crianças e adolescentes carentes, de forma tão precoce envolvidos com o narcotráfico. Não consigo deixar de pensar que cada vez que um de nós acha que não tem nada a ver com isso, estamos Crucificado-O novamente e estamos eliminando a possibilidade de ressuscita-Lo em nosso cotidiano. Sempre que ignoramos jovens e idosos que pedem esmolas ou vendem balas nos semáforos por que eles cheiram cola, estamos não só aviltando nossa humanidade divina, como estamos também ignorando o “amai-vos uns aos outros”.

Quando vejo a imprensa aviltar a figura paterna de forma sensacionalista - pq assim atinge o publico consumidor - como caso da menina que foi morta pelo pai, não posso deixar de pensar do "deixar vir a mim os pequeninos" e nem do mandamento que nos manda honrar pai e mãe... aí eu acho que por tanto individualismo e por termos nos afastado tanto uns dos outros perdemos a dimensão do amor e nossa humanidade está doente, gravemente doente.


"...crer em Deus só faz sentido quando essa fé nos estende em direção ao próximo e nos faz traze-lo para debaixo da nossa pele".


Sei que todos esse fatos nos deixam com a sensação de impotência, nos deixam com medo e vulneráveis, achando que só podemos mesmo contar com a misericórdia de Deus. Mas eu também acho que se EU estivesse no SEU lugar, ou melhor, se Eu tivesse o dom de transformar palavras em poemas e notas em musicas, sem deixar de ser cristão, eu falaria para os jovens que ignorar essa dor é ignorar a dor de Jesus, que ignorar os nossos semelhantes pq eles nos metem medo ou pq se tornaram pouco semelhantes é crucificar o Cristo outra vez.

Quem sabe se formos muitos a nos importar com isso tudo, consigamos encontrar a saída, nem que seja pela prece coletiva, pelo desejo comum de ver a humanidade melhor. Quem sabe se estivermos todos juntos na hora do "Senhor, escutai a nossa prece", Ele veja que estamos realmente juntos na vida e não apenas na missa.

Gostei mesmo das letras, acho que você escreve bem, trabalha bem a estrutura do poema e daquela que ouvi (Não se deixe lamentar), eu gostei também da música. Espero que minhas palavras não venham a desestimula-lo como compositor, eu estou apenas tentando dizer a você que acho o rock a batida perfeita pra unir louvor e adoração a Deus ao clamor para que os Homens e Mulheres não se esqueçam em nome de Cristo, de ser Homens e Mulheres de boa vontade.

Não me considere uma chata que se acha dona da verdade, é que escrever, às vezes, acaba sendo algo muito impessoal, não leva junto olhar e nem a inflexão da voz. Saiba que estou torcendo pra você como compositor, como Cristão e pro seu grupo de musica fazer sucesso e ser ouvido por muita gente que precisa lembrar que amar a Deus é fundamental para sermos humanos.

Boa sorte e que Deus o abençoe. Receba meu abraço e sempre que achar que posso ajudar, disponha.

Rohane – Belém do Pará

domingo, 18 de maio de 2008

“Informações no Divã” por Charles Miranda


Ao ler a letra da música “Informações no Divã” o que me vem à cabeça é: - Nos falta VERDADE quando fazemos nossas escolhas!


Há uma completa falta de responsabilidade e comprometimento com aquilo que nos diferencia e que deveria nos dar certa vantagem na vida. Nos contentamos em saber que temos um cérebro privilegiado em relação às outras espécies, somos superiores e isso basta. A nossa falta de controle e inaptidão com o raciocínio e o livre arbítrio, só tem nos levado ao caos. Fazemos por fazer, acreditamos por acreditar, enfim, não há verdade (pelo menos uma que seja individual e deliberada) nas nossas ações. A minha escolha pode até ser igual à de outra pessoa, mas apenas por coincidência, nunca por preguiça de ter minha própria opinião sobre o que quer que seja ou porque alguém me disse que tem que ser assim ou assado.


Pra se acreditar em Deus, por exemplo, (e em qualquer outra coisa ou até mesmo pra ser ateu ou niilista) é preciso que haja verdade. Porque se realmente há um Deus, ele sabe quem está no seu caminho com verdade ou apenas por estar. E tenho certeza que Ele “preferiria” um ateu verdadeiro a um seguidor vazio de verdades.


E quando eu digo verdade, não entendam como uma coisa absoluta, generalizada, protocolada, eterna e imutável. E sim, aquilo que no momento da sua escolha te fez ter certeza de que era o melhor caminho, ainda que lá na frente você possa descobrir que não ou confirmar que sim. Mas naquele instante da sua vida, você tomou aquilo como referência, comparou com outras verdades, refletiu, cogitou outras possibilidades e concluiu que era a senda que mais lhe agradava seguir. Acreditar e seguir suas verdades, não quer dizer que você esteja certo, mas pelo menos não irá errar por ter sido passivo da vontade e imposição alheia.

E isso se aplica em tudo na vida que envolva decisões, desde as mais sérias às mais corriqueiras. Serve pra saber se você realmente curte funk ou se só ouve porque seus amigos vão te zoar se disser que gosta de Chico Buarque. Pra saber se realmente odeia negros ou se só pensa que odeia porque sua avó diz que negros não prestam. Se você é flamengo mesmo ou só diz que é porque seu pai é flamenguista doente. Se deve economizar água e cuidar do planeta ou achar que não faz diferença o que faz isoladamente. Se é de esquerda ou de direita (mesmo que no Brasil os políticos nem saibam mais quais os seus ideais) e por aí vai. Falando em política, na hora de votar, não o faça pra agradar um amigo que te pediu, ou por que o candidato era bonito (isso acontece kkkkk). Faça com consciência, e mesmo que depois você se decepcione (em alguns casos, pra sua escolha dar certo é preciso que o outro, no caso o candidato, também faça escolhas acertadas), não desista.


E pra dar um exemplo comum aos jovens, até mesmo em escolhas banais, seja verdadeiro. Se quiser se endividar comprando a roupa mais cara (ou qualquer outro sonho de consumo supérfluo kkkkkk), você tem todo o direito. Mas não o faça porque viu na revista, ou na TV, ou pra ser igual aos seus amigos, mas por que você realmente quer e pode ter aquilo. Sei que não dei nenhuma resposta pra nada (e nem era minha intenção) e acredito até que tenha soado vago. Mas é assim que a vida me parece, um vago e vasto campo de idéias, decisões e escolhas a serem feitas. Cabe a cada um, dar densidade à sua vida, através de ações verdadeiras e pessoais. Concorde, se depois de refletir e ponderar sobre aquilo, você ainda achar que aquela idéia coincide com a sua. E nunca abra mão de que pode e deve questionar tudo aquilo que não te pareça verdadeiro, inclusive esta canção e tudo isso que acabei de dizer.


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Charles F. Miranda

sábado, 17 de maio de 2008

A pergunta foi:


Das 9 músicas lançadas (em CDs-demo), Dezembro de 2003 e Agosto de 2007. Qual trecho você mais gosta?


Marcondes Forcato
>Insistência danosa – da demo de 2007

“...nem sempre, se infiltrar na multidão é se livrar da solidão”.

Guilherme Oliveira
>A crucificação – da demo de 2007

“As palavras ditas por Jesus, não vieram de um roteiro. Os espinhos da coroa eram reais, o Gólgota não era um cenário”

Tio Sam
>Não se deixe lamentar – da demo de 2007

“Como dizer quem retirou a pedra? provar ao rei tamanha lucidez? se quem matamos anteontem vive outra vez”.

Ulysses Vieira
>Encontro Aéreo – da demo de 2007

“Subirei ao céu com quem virá como um ladrão, mas levará o que é seu”

Samuel Salles
>Encontro Aéreo – da demo de 2007

“Não há caminhoS que levam a Deus, a Verdade é simples, louca e singular”

Sergio Verine
>Insistência danosa – da demo de 2007

“Nem sempre com jeitinho-brasileiro o problema é resolvido, como nem sempre, pode se evitar a queda amarrando-se os cadarços, abrindo o pára-quedas”.
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E pra você? Qual é o melhor trecho ou frase?Desça já a barra de rolagem até as letras, faça uma nova leitura e participe !!!

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Ontem, na minhoca de metal


“O espaço é curto, quase um coral. Na mochila amassada uma quentinha abafada. Meu troco é pouco, é quase nada...”. “Não se anda por onde gosta, mas por aqui não tem jeito todo mundo se encosta...” “...sou mais um no Brasil da Central, na minhoca de metal...”

Trechos de “Rodo cotidiano” d’O Rappa

Ontem, no dia da baixada, “como sardinha na lata da SuperVia” (foto), no rush da volta para casa, depois de mais um dia de trabalho. Tive a oportunidade de bater um papo com a “mulher quebra-queixo”, conhecidíssima na linha Saracuruna/Central.

Fama que não se deve apenas por abrir caminho entre a muvuca de segunda à sexta, para vender o doce a dez centavos cada. Mais principalmente por se destacar da concorrência com uma simples pergunta: “Vai quebrar teu queixo?”

Dnª Elizabeth Menezes (foto abaixo), 56 anos. Mora em Jardim Gramacho e está a doze anos nesse “trampo informal”, e como se não bastasse o desamparo de todas as leis trabalhistas, ainda tem que se preocupar com os guardas contratados pela SuperVia, para entre outros, impedir o trabalho dos camelôs nos trens. Perdendo assim, volta e meia, toda a sua mercadoria.



“Tem sempre tudo no trem que sai lá da central
Baralho, sorvete de côco, corda pro seu varal
Tem canivete, benjamim, tem cotonete, amendoim
Sonho de valsa... e biscoito integral
Tem sempre tudo no trem que sai lá da central
Chiclete, picolé do China e guaraná natural
Tem agulheiro, paliteiro, desodorante, brigadeiro
E um bom calmante quando a gente passa mal...”

Trecho de “Shopping móvel” – Luizinho e Claudinho do cavaco.

Este post é uma homenagem a todos os trabalhadores brasileiros, em especial à Elizabeth Menezes. Viva o feriado! Viva o trabalhador brasileiro!!!


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