O ano de 93 foi marcado pelo lançamento de CDs de algumas das mais importantes bandas de rock no cenário gospel: “Nada é tão novo, nada é tão velho” (Oficina G3), “Está consumado” (Catedral), “Cristo ou Barrabás” (Katsbarnea) e “Novos rumos” (Resgate), porém, no mesmo ano, despontava com seu segundo CD, a banda carioca Fruto Sagrado com seu “Na contra mão do sistema”, um CD que ganhou destaque em relação ao primeiro, graças a uma melhora técnica e suas letras de ampla abordagem, com temas que iam da análise social, preconceito e, até, criticas ao próprio meio em estavam inseridos “...tudo que eles querem é teatro perfeito, histeria total, meias verdades, muita enganação, tome cuidado com o lobo mau”.
Certamente muitos passaram a se dizer fãs através desse álbum, divulgado mais diligentemente em todo Brasil. Impossível dissociar a notoriedade da banda, desde então, de suas letras sempre fugindo do óbvio, não se prendendo a modismos temáticos, provocando seus fãs e fazendo-os ansiar por novos trabalhos.
“Na contra mão do sistema” chega aos 20 anos, ainda atual, com discursos que teimam em não caducar, tais como os de “involução”, regravada 10 anos depois em “O que na verdade somos” (dentro de uma nova proposta sonora, um outro “segundo” álbum a atrair novo público). “Nossa geração cresce e vive na era da incerteza, onde o progresso destrói, ao invés de ajudar”. Fragmentos como esse prosseguiram, infelizmente, encontrando assustadora identificação.
Não poderíamos deixar passar em branco o aniversário de um CD nostálgico, que representa o gênesis real de uma banda que nunca adormeceu sua coerência teológica diante de um mercado que põe na prateleira um deus feito para vender.
Pra finalizar, embora nenhum dos atuais integrantes tenha participado desse álbum (falando em participação... guitarras por Paulo Calomeni [de Barcellos], Leonardo Tavares [o menino da capa] e Rafael Afonso [chororô no término de “Meninos de rua”] filho do Marcão), vale lembrar que o Fruto ainda pulsa por eles e que em cada fase – como vimos acima – tudo parece começar a partir do segundo passo, portanto fiquem atentos: Ai vem à segunda temporada!
Por Sergio Verine e Wellington Martins
